O perfil de quem vai gostar com certeza deste livro são pessoas que curtem história. O livro em questão (Brandemburgo), é um romance policial com toques de suspense, aventura, emotividade, e até amor, e narração de fatos verídicos que ocorreram entre julho e novembro de 1989 na Alemanha Oriental. Apesar do autor da obra ser um renomado jornalista inglês (Henry Porter), o personagem central da trama é um espião desiludido de meia-idade da polícia secreta alemã oriental : a “Stasi”. O livro merece ser lido pois seu enredo é envolvente, ele não cai no “pieguismo” dos best-sellers, e nem mesmo tenta ser pretensioso e revelador; ele apenas narra uma história de um cidadão que teve o azar de nascer numa ditadura comunista na qual a delação de traidores da pátria é um ato corriqueiro e a tortura, assassinato e lavagem cerebral são praticados constantemente pela Stasi, sem que a população possa fazer nada contra.
Porém o nosso “herói” Rudolf Rosenharte felizmente é dotado de extrema inteligência e coragem, e após cair em várias ciladas, tramas e conspirações envolvendo a KGB, a CIA, o MI-5 da Inglaterra e a própria Stasi, vai a luta para salvar seus entes queridos da morte certa, pois por razões que não posso explicar aqui, ele passa de agente do estado a pária político. E em um estado que uma em cada sete pessoas são informantes secretos, e cuja polícia política tem mais de cem mil membros, ele terá de negociar e barganhar muito para se manter vivo, e com esperanças de escapar a salvo para o Ocidente com seu irmão, cunhada e sobrinhos.
O clímax da história se dá no momento em que começa a haver uma corrida contra o tempo para tirar seu irmão das sessões de tortura e interrogatório no quartel general da Stasi, ao mesmo tempo em que começam a pipocar movimentos contrários ao regime por todo o país que culminarão, como a realidade nos mostrou há vinte anos, na queda do muro de Berlim.
Destaco como pontos positivos a precisão histórica dos eventos, a inclusão de alguns personagens reais na história (principalmente os de mais alto escalão), e a abordagem de um tema raro na literatura e história, que é a guerra fria pelo ponto de vista de cidadãos da República Democrática Alemã, mais conhecida como Alemanha Oriental.
Com exceção de filmes como Adeus Lênin, O Túnel e A Vida dos Outros, a arte escrita e filmada relacionada à Alemanha concentra-se demais nos temas do Nazismo e Segunda Guerra Mundial, que são assuntos já discutidos em demasia, principalmente do ponto de vista Norte-Americano. Portanto vale a pena esta leitura, não só pelo divertimento, mas pelo aprendizado de como era a vida naquele mundo polarizado e maniqueísta da Guerra Fria, do lado de lá da “Cortina de Ferro”.
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