domingo, 15 de novembro de 2009

O Conde de Monte Cristo

O livro que eu li é "O conde de Monte Cristo" , que tem umas 1200 páginas e me custou quase dois meses de leitura para terminar, mas valeu cada segundo que eu passei com ele. Apesar de ser uma obra muito citada e cultuada, são poucos os que realmente leram o livro, já que a maioria se contenta com um dos muitos filmes baseados no romance. A história se passa na França no começo do século XIX, aonde o país está dividido entre de um lado os "realistas", que eram os defensores da monarquia recentemente restaurada por Luís XVII, irmão do decapitado Luis XVI (portanto cunhado de Maria Antonieta), e do outro lado os "Bonapartistas", os quais que eram em sua maioria herdeiros da revolução francesa, e partidários do imperador recém deposto.

Ocorre que um jovem marinheiro, Edmon Dantès, inocentemente é acusado de ser um espião do "usurpador" Napoleão Bonaparte, é encarcerado em um calabouço por 14 anos, praticamente sem contato com nenhum outro ser humano, sem notícias do mundo, e desprovido de quaisquer esperanças de liberdade. Quando está prestes a morrer de autoinanição após anos de sofrimento, ele ganha pela primeira vez um companheiro de cela: Abbé Faria. O que se dá é que graças à ajuda recebida deste novo companheiro, Edmond consegue escapar da prisão, e recomeçar sua vida, se tornando um homem rico e influente na corte européia: O Conde da Ilha de Monte Cristo (uma terra inóspita que Edmond adquirira do governante da Itália central, que naquela época era nada a mais nada a menos o Papa).

Com sua liberdade, fortuna e conhecimento rapidamente adquiridos (graças à tutela de Abbé Faria durante sua estada na prisão), o conde investiga as pessoas que o envolveram nessa falsa conspiração que redundaram no seu aprisionamento, e parte para a se vingar de seus detratores, e recompensar os que nunca o abandonaram.O que ocorre é que nesse tempo, seus inimigos adquiriram grande fortuna e poder, e para os derrotar, o conde terá de usar toda sua malícia, diplomacia e perspicácia para atingir seus objetivos sem ser descoberto.

Para mim este livro é interessante pelo fato de envolver muitos fatos históricos, citar passagens de autores clássicos como Molière e Shakespeare, e de nos dar lições de esperança, perseverança e principalmente de luta pela nossa satisfação individual. Se você acredita em milagres ou castigos divinos, eu garanto que isso não falta nesta bela obra.

sábado, 5 de setembro de 2009

Rumo ao Farol - Virginia Woolf



É engraçado, ler Virginia Woolf é como escutar uma música do Grant Lee Buffalo ou ter um orgasmo tântrico. Em suma, não é pra qualquer um.
Depois que James Joyce lançou Ulisses, diversos autores começaram a beber na mesma fonte. Os romances saíram o mundo físico para adentrar à metafísica, a ontologia, o mundo de Platão. Penetraram nas ações, os pensamentos e aflições dos personagens, ao mesmo tempo em que movimentos corpóreos mantiveram-se estáticos. Assumo que no primeiro contato com estes romances penei deveras. Era difícil de entender pois não encontrava a "atuação", achava que tudo era muito parado e nada acontecia. É inacreditável como pude ser tão idiota. Mas tudo bem, sempre é tempo de aprender!
Virginia Woolf é a típica escritora padrão chavão. Sua mãe morrera quando tinha 13 anos , a meia irmã também, enfrentava penosas crises de depressão (principalmente para sua família), e, por fim, acabou por suicidar-se.

Apesar de "Rumo ao Farol" não tratar-se de sua maior obra (As Ondas), resolvi comentá-la, pois na minha singelíssima opinião, é a que mais se aproxima à intumescência joyciana.
Apesar de existirem três capítulos, a livro é dividido em duas partes (pré e pós guerra) e conta a trágica história da família Ramsay e seus agregados de férias numa ilha nas costas da Escócia.
Na primeira parte, somos apresentados a todos os personagens, que de alguma forma estão interligados àlguma forma de arte, há Lily Briscoe a pintora, Augustus Carmichael o poeta, Sr. Ramsay o filósofo e assim por adiante.
Nos primeiro capítulo (A Janela), A Sra. Ramsay oferece um jantar ao seus convidados. Toda tensão se espelha no ódio introvertido do filho por seu pai, a insegurança da pintora sobre sua nova obra, a certa neurose da Sra. Ramsay na perfeição e na sua onipresença em todos os acontecimentos.
No segundo e terceiro capítulos (O Tempo Passa & O Farol) nos deparamos com a morte da Sra. Ramsay, Prue, Andrew... e o restante do grupo volta ao mesmo local, para recolher suas memórias como se fossem os corpos.
Destarte, inventam o tal passeio ao farol e dessa forma a cor verde da grama da primeira parte transfigura-se agora no azul do mar e todos os conflitos arrostam-se aos pensamentos do grupo, consumindo-os e irradiando até o momento da chegada.

Assim sendo, Rumo ao Farol está recomendadíssimo.
Será uma experiência única.


quinta-feira, 27 de agosto de 2009




Autor:
Italo Calvino
Páginas: 160
Tradução: Diogo Mainardi

Le città invisibili, foi escrito por Italo Calvino. Nascido em Cuba, de pais italianos, sua família retornou à Itália logo após seu nascimento.

Formado em Letras, participou da resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi membro do Partido Comunista Italiano até 1956, tendo se desfiliado em 1957. Sua carta de renúncia em 1957 ficou famosa.

Sua primeira obra foi Il sentiero dei nidi di ragno (br: A trilha dos ninhos de aranha), publicada em 1947. Uma de suas obras mais conhecidas é Le città invisibili (Brasil|br: As cidades invisíveis), de 1972, tendo como personagens Marco Polo e Kublai Khan (fonte Wikipédia).

Neste livro Marco Polo apresenta ao imperador mongol Kublai Khan, a imensidão do seu próprio reino, reino que está impedido de conhecer. Dá se a entender que devido às funções domésticas, administrativas e burocráticas, o navegador veneziano lhe serviria de olhos pois o neto de Genghis Khan tornara-se prisioneiro do seu próprio castelo.

De forma delicada e poética, Marco Polo descreve as 55 cidades por onde teria passado, agrupadas em 11 onze blocos: As Cidades e a Memória; As Cidades e o Desejo; As Cidades e os Símbolos...

Seu discurso serve de metáforas, palavras que se ramificam ao infinito que criam labirintos discursivos. A oralidade da conversa nunca é esquecida e, por momentos, pode-se crer que a realidade mais estranha é justamente aquela em que vivemos (fonte revista Bravo).

Minha opinião: Louvo quem tenha gostado. Achei parado demais, discursivo demais, metafórico demais, arrastado demais, em suma, chato demais! Não deu, tentei, tentei, mas cada página, cada palavra era uma vitória sobre o final. Juro que terminei, mas a que preço...


Parabéns ao Diogo Mainardi pela tradução. Deve ter sido um excelente execício de paciência.


domingo, 16 de agosto de 2009

O Jovem Törless - Robert Musil



2a. edição, 1996, Nova Fronteira
R$ 29,00

Arrumei este livro na coleção da Folha. Devo admitir que ainda não li O Homem sem Qualidades, mas tratando-se de Robert Musil, resolvi encarar Die Verwirrungen des Zöglings Törless.
Bem, pra quem já leu Morte em Veneza, de Thomas Mann, O Ateneu de Raul Pompéia, O Cortiço de Aluísio de Azevedo, O Bom Croulo de Adolfo Caminha e Doidinho do José Lins do Rego, ficará saturado da temática homoafetiva, aliás a temática homoafetiva é o que mais você se encontrará nesse livro.
Seguindo a linha "infância feliz, amadurecimento traumático", além da similaridade com os livros já citados, temos Törless, um jovem de classe favorecida, mimado pela mãe e negligenciado pelo pai, passa a viver em uma escola militar só para garotos.
Lá, longe da proteção do lar, depara-se para a crueldade das relações humanas de poder, onde a sodomização dos garotos mais fracos pelos mais fortes espelham as castas sociais dos oprimidos pelos opressores. Törless, passando na primeira parte do livro como espectador, logo acabaria por tornar-se protagonista de uma trama envolvendo seus colegas ao se relacionar com um cadete que em troca de favores sexuais tacitamente procura proteção. Confuso quanto aos seus sentimentos, o personagem dividi-se entre a comiseração e o nojo de si próprio. Porém, as coisas começam a piorar quando resolvem torturar e matar seu protégé dentro da escola.
Para quem já leu O Ateneu, não há muita novidade. Além do mais, é uma leitura pesada com situações que muitos considerarão angustiantes, recheadas de sadomasoquismo, humilhações e hipocrisias diversas. Tais estudantes, confinados neste colégio interno com ares militares representariam o futuro do antigo império Austro-Húngaro (bem como da europa em geral) e, indiratamente, o livro (escrito na virada do século 19 para o 20) critica os jovens que viriam ser os adultos à época do nazismo, assim, expõe-se o desrespeito pelo próximo, a sociopatia e a instrumentalização dos mais fracos, figurativamente ovelhas a serem dilaceradas (vide os campos de concentração).
Dessa forma, se for para ler levianamente, não o faça. Não é um livro de cabeceira e a história não lhe trará bons sonhos.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Justiça censura jornal Estado e proíbe informações sobre Sarney

Você sabe pra que serve o Senado Federal?
-Pra representar os Estados? Não!
Serve para manter privilégios, controlando os Estados mais desenvolvidos pelos Estados mais pobres, afinal a representatividade é igual (3 senadores). O lema deles é: "Quem detém o poder econômico não pode deter o poder político".
E por que não seria? Afinal a maior parte do Brasil ainda está no tempo das capitanias hereditárias.
Estamos perdidos...

Le Brésil n'est pas un pays sérieux

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Entramos no novo século

Como o tempo que castigou nossas faces
Como o tempo que rasgou nossas roupas
Como o tempo pois não tenho mais nada para comer;

Mas dessa vez ele chegou
Despertou, acordou
Trazendo um novo vírus;

É realmente um mundo selvagem
Entre as várzeas e vargens
Nos despertaram para nossa nova viagem;

Aqui apresento o século 21
É, mais um... uma a mais
Outra uma era, com direito a fome, peste e guerra;

É tudo novo de novo
Como já foi há cem anos
Dormindo e despertando;

Todavia destarte eu tive sorte
Não me foi concedido a morte
Mas o direito de pisar na grama;

Como destarte eu tive sorte
Como me fora concedido
Como comi meu pedido;

Apertem os cintos
Sinto muito (eu minto):
-pois aqui está o novo século.

K.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Coração das Trevas - Joseph Conrad

O Coração das Trevas
Joseph Conrad
R$ 10,50
Martin Claret

Tinha acabado de ler "A Linha de Sombra" e estava animado para o próximo do Joseph Conrad. Havia também assistido "Apocalipse Now" e esperava um livro à altura, mas decepcionou. Basicamente é um tanto parecido com a história do filme, porém não consegue desenvolver o mesmo enredo intrincado e psicológico.
Em suma, o narrador, Marlow, é encarregado pelo governo inglês local a subir um rio na África até o posto sob o (des)comando de um tal Kurtz, para ser julgado e posteriormente executado. Kurtz, supostamente teria enlouquecido e criado um governo tribal paralelo (possivelmente ainda no Congo Belga), onde o sangue seria a lei. Com interesse maior em sacrifícios deixa de repassar o marfim para a cidade e assim cria inimigos poderosos.
Marlow, depara-se com inúmeros desafios no caminho, como falhas mecânicas da embarcação, doenças, ataques de nativos...

Mas sua fé permanece inabalável, assim que encontra um branco e um livro que alimentam suas expectativas, pois tudo o que quer a partir desta narrativa é encontrar seu conterrâneo, cuja idealização vai aumentando a partir do conhecimento de suas expedições sanguinárias, imensas riquezas extrativistas que remetidas rio abaixo e extermínio de grupos étnicos, incompatível com as descrições que ouvira de um homem eloquente, culto e até mesmo filósofo.
Todavia, ao chegar, encontra o mundo paralelo e esquizofrênico de Kurtz, líder de um grupo de fiel seguidores que o cultuavam. Marlow compreende a afasia de Kurtz, pois este perdera todo e qualquer contato com o que conhecia como civilização e estava entregue ao mal puro.
No decorrer da viagem, o protagonista também vai se contaminando pela escuridão, apesar do desejo de não entregar sua carga às autoridades. A cicatriz em sua alma causada por esta viagem são a chave do início e fim do romance.
Bem, sei que todos sabem o final, mas mesmo assim não falo, acho desrespeitoso. Porém, lá vai: o horror, o horror!


É, não é um horror, mas é bem fraquinho.

Regards





quinta-feira, 9 de julho de 2009

Augusto dos Anjos - Eu


Eu e Outras Poesias
Augusto dos Anjos

Ed: Matin Claret

Preço: R$ 10,80

Essa coletânea foi um presente da minha (à época) namorada. Foi uma boa surpresa.Esse livro é um conjunto de excertos seletos que reúne o original "Eu" (1912), o único lançado em vida do autor, acrescidos de alguns poemas perdidos reunidos por Órris Soares.

O bom da poesia apresentada, além de toda escatologia, ideias suicidas e litros de sangue, são as palavras pouco usuais para... hum.. poema. O autor reporta-se mais a termos médicos aos chavões poéticos como: amor, dor, flor, coração, paixão e demais gabolices da praça.

Mal consegui acreditar quando cheguei ao fim, de tão compenetrado que fiquei. É hipnótico!

Exista também uma versão gratuita no site Domínio Público (delícia! http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv.00054a.pdf), que pode ser facilmente baixada como arquivo PDF.

Um dos meus poemas favoritos é ‘Solitário’:

Como um fantasma que se refugia

Na solidão da natureza morta,

Por trás dos ermos túmulos, um dia,

Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia

Não era esse que a carne nos contorta...

Cortava assim como em carniçaria

O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!

E eu saí, como quem tudo repele,

-- Velho caixão a carregar destroços --

Levando apenas na tumba carcaça

O pergaminho singular da pele

E o chocalho fatídico dos ossos!”


Não é macabro?


No fim só pude dizer:- Obrigado meu mô, por este magnânimo presente!

E para você que não leu, compartilhe comigo: O LUPANAR, ÚLTIMO CREDO, O CAIXÃO FANTÁSTICO, A UM CARNEIRO MORTO, VOZES DA MORTE, OS DOENTES, O MARTÍRIO DO ARTISTA, DEPOIS DA ORGIA, POEMA NEGRO, O MEU NIRVANA, O SARCÓFAGO... entre outros graciosos, calorosos e amorosos versos.


Enjoy!


PS: Augusto dos Anjos é tudo o que um pagodeiro precisa ler.

sábado, 20 de junho de 2009

Palavras escondidas na internet

Meio sem autorização, achei esta maravilhosa poesia sobre a "marvada".
Realmente, hoje em dia, tem que garimpar muito pra achar boa literatura na rede. Nossas vidas cada vez mais a mil, mal permitem parar, analisar e se entreter com uma singela poesia.


Se da pinga abusa,
o zóio mole logo acusa,
e não pode deixar
a pinga no chão pingar...
Se cai um pingo de pinga,
e no rosto respinga,
vão dizê que tá bebo cas pinga...
Ara, o pingo da pinga,
quando respinga,
é socê munto pingou...
Intonce é quando
a pinga pinga,
e nesse pinga-pinga,
vai pingar
onde não deveria pingar...
Pinga se pinga pra drento,
causidique se pinga pra fora,
é porque exagerô,
e bêbaço ficô...
Aí, a pinga pinchô ocê no chão...


Marcial Salaverry

© Copyright Prosa & Poesia - Direitos Autorais Reservados


Caso quem detenha os direitos sobre a obra acima queira retirar o texto do meu blog, é só me mandar um email.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

http://www.dominiopublico.gov.br



Não seja bobo, se quiser ler livros clássicos gratuitamente acesse o link acima e desfrute de todas as maravilhosas obras humanas que estão em domínio público. Não só textos, mas sons e imagens também. Desfrute do conteúdo e repasse a cultura para frente, vamos espalhar o que a humanidade fez de melhor.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Os 10 melhores discos de capas azuis

Do jazz ele é o rei e a coroa ninguém lhe tasca. As gravações da Blue Note sempre foram de boa qualidade e as seleções musicais para a apresentações das casas da BN ainda melhores. Dos álbuns azuis de jazz está a par do Blue Train do John Coltrane. Grande disco. Neste Ballads & Blues encontrar-se-ão baladas diversas que um pouco fogem às canções frenéticas da fase "rock" de Miles. Por isso coloco na lista, como um dos dez mais azuis de todos os tempos! Destaque para I Waited for You, Yesterdays e How Deep is the Ocean.

Engraçado como os discos de prisão são tão bons. Este não foge a regra, os Cramps tem seu show, Johnny Cash seu lp country e BB. King, rei do blues, live in Cook County Jail.
A gravação é meio tosca, o audio é ruim, mas é lendário!

Destaques: Three O'Clock Blues/Darlin' You Know I Love You, How Blue Can You Get? e Every Day I Have The Blues.


O último disco em vida de Renato Russo remete a uma carta de despedida. Cru, melancólico, raivoso, simplesmente maravilho. Renato não conseguiu gravar os vocais devido à saúde debilidade, ficaram as vozes guias, quero dizer, o fiapo de voz. Mas é isso o que torna uma obra prima, pois se trata de um disco de entrega, o último suspiro, o melhor de todos. É possível traçar um comparativo se escutar a música primeiro de julho (1994) e depois as demais (1996). Fico feliz que o Legião tenha feito este esforço final, valeu a pena apesar de tudo.
Destaque para: todas.

A estréia do Weezer é demolidora. O disco é totalmente energia bruta em estado juvenil. Buddy Holly, Say It Ain't So e Undone -- The Sweater Song tocaram bastante na rádio e tv. Mas My Name Is Jonas, The World Has Turned And Left Me Here e Surf Wax America são arrasadoras também e não devem nada aos singles. Este disco de estréia é importante também pois tinha o (excelente) baixista Matt Sharp no rol dos músicos que tocaram no cd e, da mesma forma, foi uma época que o Rivers Cuomo abria espaço para a composição dos demais instrumentistas. Talvez por isso seja o melhor da discografia, nota 10.


Não foi um grande sucesso, mas mesmo assim compõe minha lista. Saindo um pouco da linha habitual do rock do Rage Against the Machine e do cd de estréia da banda, as músicas tem apelo mais melódio e calmo. Tavez não soe tão bem à primeira audição, mas depois, aos poucos, vai conquistando seu espaço. Mais tarde, não dá pra parar de ouvir.

Lançado em 2005, destaques para Be Yourself, Doesn't Remind Me e Out Of Exile.



O último disco do Baden de "inéditas" é o que você vê na capa: Powell & seu violão, assim mesmo, minimalista. Pouca percussão, pouca voz e nenhum canto. Muito bem executado, assim como a Tempestade do Legião Urbana, é seu cartão de despedida deste mundo. Vale muito a pena.
Destaque pra tudo.




O submarino é amarelo, mas a capa é azul. Lançado em 1999, traz o melhor do lp original, exceto pelas (ainda bem) faixas instrumentais do George Martin, ufa! A música Hey Bulldog ganhou uma nova mixagem, mas A Day in the Life foi excluída. Bem, pode ser encarado como uma coletânea da fase 1968 do Beatles, é 3x1, porque traz o suprassumo do Sgt. Peppers, do Magical Mystery Tour e do próprio Yellow Submarine antigo.

Destaque para todos os clássicos, exceto When I'm Sixty-Four (que eu acho meio chata).



Sem palavras, compre, pegue emprestado, grave, tatue, roube este disco! É o disco que veio pra sepultar o rock (ainda bem!).
A potência de Nervermind não está no som, mas no contexto. Não contextual, mas contestador. Pra mim, o melhor momento da música (ouço desde o lançamento até hoje), pois a afinidade celestial de 3 pessoas nunca antes na história desde... blá blá blá, a música fora tão colocada em sentimento tão bruto. Singelamente é o álbum que tirou o batom das paradas e colocou o pau no ouvido das pessoas (no pior sentido). Nunca se repetirá.


Rosenrot é uma coletânea de b-sides do album anterior Reise Reise. Em tese é um disco de "sobras". Mas não se poderia imaginar o quão maravilhosas eram essas sobras. Como um disco de 'lado b' não tem que necessariamente seguir um roteiro, a salada de sons fica a cada hora mais interessante. No mesmo espaço encontram-se a pop Benzin, o hino gay Mann Gegen Mann, a pesada Rosenrot, a balada Stirb Nicht Vor Mir e a flamenca Te Quiero Puta!. Fenomenal...


Por fim, o azul dos azuis.

O Faith No More deu início à suas atividades no começo de década de 80, mas foi somente com o vocalista Chuck Mosely que a formação do grupo se consolidou. Com Chuck foram lançados os discos We Care a Lot (85) e Introduce Yourself (87). Porém, devido aos vícios do vocalista, a banda o despediu e contratou Mike Patton no seu lugar.
Com Patton nos vocais a banda finalmente alçaria o sucesso com o disco The Real Thing (89). Porém a nova roupagem do FNM seria alvo de uma saraiva de críticas do vocalista do Red Hot Chili Peppers, Anthony Kiedis, que os acusava de imitação barata. Patton usava o mesmo cabelão que Kiedis, o Faith No More tocava o mesmo Funk Metal dos Red Hot Chili Peppers, ambos os vocalistas cantavam em rap e até os clipes coloridos se pareciam. Talvez a banda tivesse realmente percebido que era hora de mudanças. Angel Dust (92) veio então com o intuito de dar uma nova roupagem para o grupo.

Quando foi lançado, trouxe às rádios e tv's os hits Midlife Crisis, A Small Victory (minha favorita) e Easy. Mas a cereja do bolo ficou definitivamente com as composições que não emplacaram nas paradas de sucesso, como as bizarras RV, Malpractice e Crack Hitler, que abusavam de efeitos sonoros, colagens e embalos circenses. O som era muito inovador para os ouvidinhos comuns e por isso, talvez, não tenha caído no gosto do mercado. Mas não eram todas as músicas experimentações, existiam ainda as pop's Everything's Ruined, Kindergarten e Be Aggressive, embora nenhuma dessas faixas, assim como o disco em geral, trazia o vocal rapeado e a música funkeada dantes. Após Patton cortar as madeixas, cortou também os laços com o The Real Thing.

Angel D também apresentava um rock sem muita guitarra, como podemos ver nas músicas Land of Sunshine, Caffeine, Smaller and Smaller e Midnight Cowboy. O guitarrista Jim Martin detestou a guinada e sua participação autoral é quase nula, com exceção de Jizzlobber, sua única contribuição (mas mesmo assim, um ano depois já estava na rua).

A importância de AD deveu-se ao experimentalismo e à autenticidade que o cercou. As faixas mal são cantadas, são faladas. O baixo encontrava-se acima da guitarra. As letras eram agressivas demais para o padrão vigente à época, afora que é delicioso de ouvir, pois parecem várias bandas num cd só. Compreende um ineditismo inexistente no nosso século, as bandas hodiernas precisam ouvir os hinos deste disco, para talvez, quem sabe, saiam um pouco do bunda-molismo atual.

Às vezes é preciso perverter a ordem, mesmo que o custo seja alto demais.




domingo, 19 de abril de 2009

Poder de um Jovem/ The Power of One - Bryce Courtenay


O motivo de estar postada a capa do livro em inglês deve-se ao fato da minha leitura ter sido realizada no idioma original (inglês), afinal o autor desse romance é o escritor australiano Bryce Courtenay, e provavelmente este livro não foi traduzido para o português. Contudo a história pode ser familiar a alguns de vocês, já que em 1992 foi lançado um filme baseado na obra, contando com atores de renome como Armin Muehler-Stahl e Morgan Freeman,
e o filme fez muito sucesso, inclusive no Brasil, apesar da adaptação ter simplificado demais a narrativa.
Recomendo este livro às pessoas que pensam (ou pensavam como eu) que entendem alguma coisa sobre a África do Sul, pois nesta leitura aprendemos quais e como são as diversas nações que compõem a população deste país, com suas 7 línguas e peculiaridades tribais que ainda não são compreendidas mesmo hoje. Basicamente existe uma nação dominante na África do Sul durante o desenrolar da história (entre décadas de 20/50) , que são os ingleses; estes tem o poder militar e político, mas são uma minoria, odiada por outros brancos: os Afrikaners (descendentes dos holandeses, alemães e franceses que haviam chegado 300 anos antes), porém tolerada por uma maioria negra, conformada com os abusos e opressões por parte do estado e população Euro-descendente.
O que me atraiu neste livro principalmente foram as lições de determinação e ousadia, além de acompanharmos a evolução da racionalidade do personagem principal, que começa muito sensível e emocional, e aos poucos torna-se mais calculista e estrategista. Um exemplo disso é a ausência do famoso clichê da "namorada do herói", ou seja, o autor conseguiu evitar a menção do amor ou de qualquer cena romântica ou sensual, o que em minha opinião deixou a leitura mais agradável e fluente, concentrando-se nos fatos, e não em sensações.
A história começa com o garoto inglês Peekay, dotado de etnia inglesa porém vivendo em território predominantemente "Afrikaans", ele sofre discriminação racial em sua escola, porém apesar de resistir corajosamente as humilhações e agressões de seus "coleguinhas", ele descobre no boxe uma chance de se vingar de seus oponentes, e vai aprender com um descendente de africanos numa prisão local. Conforme passa a conviver mais com as outras tribos africanas, ele passa a aprender sua línguas, ética e misticismo, porém ele é esperto o suficiente para não deixar nenhum branco sabendo, o que lhe causaria problemas naturalmente. Enquanto dedica-se às lutas, torna-se amigo de um pianista que lhe ensinará como se tornar observador, e apreciar a música, a natureza e o conhecimento científico.
Enquanto o tempo passa, o personagem vai percebendo as mudanças de sua sociedade, e conforme vai se aperfeiçoando fisicamente e intelectualmente, começa a participar ativamente na
ajuda humanitária, educacional e material para os povos segregados por um regime institucionalizado ao final da segunda guerra mundial, quando o partido nacionalista, fundado pelos Afrikâneres derrota os ingleses nas urnas, e cria então o sistema do Apartheid, motivando o exílio do nosso herói para outro país para trabalhar como minerador: a Rodésia, onde encontra mais violência e opressão, porém de uma forma desorganizada e não tão direcionada como na África do Sul.
Longe de sua família, amigos e inimigos, ele consegue portanto chegar a um ambiente similar ao inferno, porém lá finalmente descobre o valor da amizade, da cooperação e da responsabilidade, para poder sobreviver em um local de altíssimo risco de mortalidade. Ao poder enxergar um futuro tão sombrio para a África ele se conscientiza inviablidade de seus ideais de ajudar os africanos, e vai embora para a terra de seus descendentes no Reino Unido em busca do sucesso, principiando um ritual a ser seguido até os dias de hoje: o retorno voluntário dos brancos à sua verdadeira terra (Europa).

sexta-feira, 27 de março de 2009

O Terceiro Homem - Graham Greene


Greene, Graham
O terceiro homem, LP&M Pocket- 2008
Preço Sugerido: R$ 8,00

Bem, esse eu peguei para ler no metrô. Na ida já estava na metade e na volta já havia acabado.

Tão bom quanto "Nosso homem em Havana", este livro nasceu como um argumento direto para o cinema. Seguindo o estilo 'detetive de guerra', a narrativa é rápida e intrigante, Graham, parte para Viena, que, após a derrocada da 2ª guerra é partilhada, assim como a Alemanha, por quatro nações (Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética), Rollo Martins, escritor de subliteratura, à convite de seu amigo de infância Harry Lime, viaja até a cidade para reencontrá-lo após longo período de distanciamento.

Ao chegar, descobre que seu amigo falecera, aparentemente em um acidente banal.

No cemitério, para acompanhar o enterro acaba conhecendo a ex-namorada de Harry, Anna Schimdt, bem como o policial Calloway, da Scotland Yard, que não explica os motivos que o levaram até ali.

Aproveitando-se da ocasião e da queda de Martins por álcool, Calloway lhe oferece uma bebida e no bar acaba contando que Harry era investigado pela polícia, porém não lhe informa o porquê.

Financeiramente arruinado, Martin, é ajudado pelos estranhos colegas do seu falecido amigo, mas começa desconfiar do excesso de gentilezas que recebe por todos os lados. Parte então pela cidade para tentar compreender como era vida de Harry no ambiente caótico da metrópole ocupada, iniciando uma atabalhoada investigação.

Tudo parecia encaixar-se razoavelmente bem, a não ser pelo fato de que após conversar com o ex-vizinho de Harry este aparece morto. Dessa forma, começam a ser desencadeados eventos cada vez mais parecidos com a ficção barata de seus livros, com a diferença que desta vez, Rollo, poderá ser o próximo a morrer. Ao invés de partir o mais rápido possível, o protagonista permanece para resolver o mistério e acaba apaixonando-se pela ex-namorada de seu falecido amigo, que assim como ele, corre perigo.

Da mesma forma, Rollo Martins deverá também correr contra o tempo para desvendar quem era o terceiro homem presente na hora da morte de Harry Lime, salvar sua paixão dos Russos e descobrir o terrível segredo de seu amigo.

Pode não ser a melhor sinopse que já fiz, mas está aí. Vale a pena ler o livro.
Boa leitura.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ANTÍGONA (de Sófocles)

Antígona,
Sófocles, ed: L&PM Pocket, vol. 173, 2006


"Picket lines and picket signs
Don't punish me with brutality
Talk to me
So you can see...
what's going on".

Marvin Gaye

Poderia ser considerado uma tragédia, mas não é.

Antígona de Sófocles, que arrumei meio por acaso na Martins Fontes, veio bem a calhar. É tanto uma tragédia em si, como um conflito metafísico e ontológico entre o positivismo e o jusnaturalismo. Não esperava tanto!

Vamos ao contexto:

Terceira parte da triologia tebana, Antígona, filha de Édipo e Jocasta, que tinham mais três filhos, Etéocles, Ismene e Polinice. Foi a única filha que não abandonou seu pai, Édipo, quando este foi expulso de seu reino, Tebas, pelos seus dois filhos. Seu irmão, Polinice, tentou convencê-la a não partir do reino, mas Antígona, altruísta, acompanhou o pai em seu exílio até sua morte.
O início do livro se dá quando volta de Tebas e encontra seus irmãos brigando pelo trono.

Ocorre, que pela violência da luta, ambos morrem. Creonte, tio deles, herda o trono, faz uma sepultura com todas as honrarias à Etéocles, e deixa Polinice onde caiu, proibindo qualquer um de sepultá-lo sob pena de morte.

Antígona, inconformada, tenta convencer a irmã (Ismene) a enterrá-lo, pois, quem morresse sem os rituais funebres, seria condenado a vagar cem anos nas margens do rio que levava ao mundo dos mortos, sem poder ir para o outro lado.

Desaconselhada pela irmã que teme a fúria do Tio, bem como a pena capital imposta por este a quem tivesse a audácia, enterra mesmo assim Polinice com as próprias mãos.

Creonte ao ser avisado de que alguém enterrara seu desafeto, culpa um dos guardas de plantão e manda desenterrar o insepulto.

Após de descobrir que o cadáver recebera novamente o ritual fúnebre, Creonte ordena a soltura do guarda e posteriormente, conhecendo a autoria, manda prender Antígona e Ismene.

Creonte aqui representa o Estado Tirânico, é o juiz, o júri e o carrasco num só. Soberbo e cegado pelo poder, não quer dar ouvidos aos argumentos das acusadas, mas sim aplicar imediatamente a letra fria da Lei, condenando ambas à morte. Mas seguindo as palavras do velho e sábio Corifeu, deixa-se convencer a dar ouvidos às irmãs. Ismene, apesar de covarde, assume toda a culpa. Antígona desmente a irmã e esta é imediatamente libertada.

Daí, ao defender-se sozinha, Antígona, invoca o direito natural, que tem por fundamento a razão divina, perfeita e acabada e que, por isso, seria maior que a lei dos homens, imperfeita e incompleta. Apela aos deuses gregos, pois esta lei (jus naturae) já estaria cravada no coração da humanidade, sendo impossível de ser alcançada pela tirania de seu tio (jus civile):

CREONTE
- mesmo assim ousaste transgredir minhas leis?
ANTÍGONA
- Não foi, com certeza, Zeus que as proclamou, nem a Justiça com trono entre os deuses dos mortos as estabeleceu para os homens.

Assim, a personagem, abala todo o sistema legal vigente. Ao perceber que Antígona planta no coração dos cidadãos o questionamento à ordem estabelecida, fica mais evidente à Creonte a necessidade de eliminar sua insurreta futura nora.

Vendo que sua noiva seria iminentemente executada, Hemon, apela ao pai para que não condenasse Antígona à pena capital, mas Creonte, mesmo abalado pela contestação da ré, resolve não interceder a favor do filho, pois assim acabaria mostrando fraqueza ante a população e possivelmente seria despojado, afinal é melhor ser temido a ser amado.

Antígona é condenada à inanição numa caverna, sem que lhe fosse concedido direito ao matrimônio com Hemon. Corifeu com pena da condenada, até tenta interceder ao seu favor, mas em vão.

O tirano, após sua sentença, começa a ser tomado por dúvidas e vai consultar-se com Tirésias, o vidente. Este prevê grandes desgraças para o rei caso ele insista com a perversa condenação.
Creonte, arrependido de ter aplicado a pena capital à nora, ordena sua soltura, mas um mensageiro chega lhe trazendo más notícias...

Bem, não posso ir além senão estragarei o final do livro. Porém, deixo aqui a sugestão para a leitura. O embate entre o Direito Positivo (dos homens) em face do Direito Natural (da natureza) é antigo, talvez até mais do que o próprio Direito em si, como pudemos ver na tragédia resenhada. Hodiernamente, temos o manjado conflito: aborto legal (d. positivo) X direito à vida (d. natural), pois a vida é considerado bem supremo para o ius naturae ; legitimidade para velar seu consanguíneo X obrigatoriedade de obedecer a Lei.

É a escolha de cada um. Dizem:
-se a lei for injusta, largue a lei a abrace a justiça!
e outros dirão:
A lei é dura, mas é a Lei.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Será a liberdade uma prisão?




Vocês já ouviram a música infinita highway dos Eng. do Hawai??? É uma letra extensa sobre a grande e infinita highway da vida? Num dos seus versos o Humberto canta:

Escute garota, o vento canta uma canção
Dessas que a gente nunca toca sem razão
Me diga, garota: "Será a estrada uma prisão?"
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre
Se tanta gente vive sem ter como comer

Eu acho que a estrada é como a vida, e nós somos livres??? Quanto vale nossa liberdade??? Somos livres do que??? De quem???
Será que na verdade estamos presos idéias, moldes, costumes, afinal existe liberdade ou será isso mais uma utopia para artistas sonharem com um mundo mais igual, menos desumano. Não sei dizer se somos livres ou se estamos presos. É uma questão de ponto de vista para começo de pensamento. Se você acha que o fato de você não poder sair pelado na rua e não ser punido é uma prisão, dai realmente vivemos dentro de uma sociedade castradora de seres que desejam ser felizes mas que não podem agir dessa maneira em qualquer lugar. Mas somos livres se você pensar que existem várias praias de nudismo pelo litoral onde ficar nu é requisito para entrar na areia. Existe sempre um local apropriado para tais fantasias ou desejos mais estranhos, ou menos normais. É por isso que existem lugares como casa de swing, praias de nudismo, baladas de música eletrônica e pubs que tocam rock n' roll. É a nossa liberdade de ir e vir, our freewill. Ser ou não ser, é a questão, Tupi or not not tupi? Como fizeram os modernistas.

Ser artista é também brincar com o senso moral e ético de seu meio ambiente. já que lidamos todos os dias com a realidade da vida, gostamos de imaginar, romantizar ou extrapolar sensos, idéias de como seria algo diferente. A nossa liberdade está no mundo da fantasia, das idéias, lá somos livres, somos quem queremos ser, não quem podemos ser. Lá nada tem limite e se pode tudo a qualquer hora. Ai por sermos humanos, lidamos outro aspecto da nossa natureza animal, o excesso de liberdade também nos prejudica, pois a falta de limite nos torna selvagem e irracional. Podemos até virar bichos.

Outro dia estava contando pra minha namorada que me sinto incomodado com espelhos, que os achava muito agressivos. Disse a ela que quando ficava triste evitava me olhar no espelho de manhã pois não queria ver a realidade do estava acontecendo comigo, preferia ficar no mundo da fantasia, do faz de conta, onde eu poderia ser quem eu quisesse. Na verdade me sentia mal de me ver meio acabado, com aparência fraca. Toda vez que faço algo de errado, evito me olhar no espelho, pois acho que ele me julga sem piedade, tenho que me acalmar primeiro dai me olhar. Neste caso o espelho se torna um objeto de punição, que me prende, que me castra. A falta do espelho é a minha liberdade, mas eu preciso uma hora me olhar, assistir meu reflexo, me enxergar pois isso me ajuda a sempre me situar onde e como eu estou. Imagina se fossemos invisíveis, se não pudemos enxergar o nosso próprio reflexo. Nossos sensos morais e éticos seriam outros, nossos valores seriam outros, não sei dizer que valores seriam esses, mas certamente a vida seria bem diferente. Tanto faz alguém correr pelado na rua, ninguém vai ver. Como os criminosos seriam presos se fossem invisíveis e etc...
Será a liberdade uma prisão, eu acho que talvez, e vocês?

inté
Gab