quinta-feira, 27 de agosto de 2009




Autor:
Italo Calvino
Páginas: 160
Tradução: Diogo Mainardi

Le città invisibili, foi escrito por Italo Calvino. Nascido em Cuba, de pais italianos, sua família retornou à Itália logo após seu nascimento.

Formado em Letras, participou da resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi membro do Partido Comunista Italiano até 1956, tendo se desfiliado em 1957. Sua carta de renúncia em 1957 ficou famosa.

Sua primeira obra foi Il sentiero dei nidi di ragno (br: A trilha dos ninhos de aranha), publicada em 1947. Uma de suas obras mais conhecidas é Le città invisibili (Brasil|br: As cidades invisíveis), de 1972, tendo como personagens Marco Polo e Kublai Khan (fonte Wikipédia).

Neste livro Marco Polo apresenta ao imperador mongol Kublai Khan, a imensidão do seu próprio reino, reino que está impedido de conhecer. Dá se a entender que devido às funções domésticas, administrativas e burocráticas, o navegador veneziano lhe serviria de olhos pois o neto de Genghis Khan tornara-se prisioneiro do seu próprio castelo.

De forma delicada e poética, Marco Polo descreve as 55 cidades por onde teria passado, agrupadas em 11 onze blocos: As Cidades e a Memória; As Cidades e o Desejo; As Cidades e os Símbolos...

Seu discurso serve de metáforas, palavras que se ramificam ao infinito que criam labirintos discursivos. A oralidade da conversa nunca é esquecida e, por momentos, pode-se crer que a realidade mais estranha é justamente aquela em que vivemos (fonte revista Bravo).

Minha opinião: Louvo quem tenha gostado. Achei parado demais, discursivo demais, metafórico demais, arrastado demais, em suma, chato demais! Não deu, tentei, tentei, mas cada página, cada palavra era uma vitória sobre o final. Juro que terminei, mas a que preço...


Parabéns ao Diogo Mainardi pela tradução. Deve ter sido um excelente execício de paciência.


domingo, 16 de agosto de 2009

O Jovem Törless - Robert Musil



2a. edição, 1996, Nova Fronteira
R$ 29,00

Arrumei este livro na coleção da Folha. Devo admitir que ainda não li O Homem sem Qualidades, mas tratando-se de Robert Musil, resolvi encarar Die Verwirrungen des Zöglings Törless.
Bem, pra quem já leu Morte em Veneza, de Thomas Mann, O Ateneu de Raul Pompéia, O Cortiço de Aluísio de Azevedo, O Bom Croulo de Adolfo Caminha e Doidinho do José Lins do Rego, ficará saturado da temática homoafetiva, aliás a temática homoafetiva é o que mais você se encontrará nesse livro.
Seguindo a linha "infância feliz, amadurecimento traumático", além da similaridade com os livros já citados, temos Törless, um jovem de classe favorecida, mimado pela mãe e negligenciado pelo pai, passa a viver em uma escola militar só para garotos.
Lá, longe da proteção do lar, depara-se para a crueldade das relações humanas de poder, onde a sodomização dos garotos mais fracos pelos mais fortes espelham as castas sociais dos oprimidos pelos opressores. Törless, passando na primeira parte do livro como espectador, logo acabaria por tornar-se protagonista de uma trama envolvendo seus colegas ao se relacionar com um cadete que em troca de favores sexuais tacitamente procura proteção. Confuso quanto aos seus sentimentos, o personagem dividi-se entre a comiseração e o nojo de si próprio. Porém, as coisas começam a piorar quando resolvem torturar e matar seu protégé dentro da escola.
Para quem já leu O Ateneu, não há muita novidade. Além do mais, é uma leitura pesada com situações que muitos considerarão angustiantes, recheadas de sadomasoquismo, humilhações e hipocrisias diversas. Tais estudantes, confinados neste colégio interno com ares militares representariam o futuro do antigo império Austro-Húngaro (bem como da europa em geral) e, indiratamente, o livro (escrito na virada do século 19 para o 20) critica os jovens que viriam ser os adultos à época do nazismo, assim, expõe-se o desrespeito pelo próximo, a sociopatia e a instrumentalização dos mais fracos, figurativamente ovelhas a serem dilaceradas (vide os campos de concentração).
Dessa forma, se for para ler levianamente, não o faça. Não é um livro de cabeceira e a história não lhe trará bons sonhos.