sábado, 5 de setembro de 2009

Rumo ao Farol - Virginia Woolf



É engraçado, ler Virginia Woolf é como escutar uma música do Grant Lee Buffalo ou ter um orgasmo tântrico. Em suma, não é pra qualquer um.
Depois que James Joyce lançou Ulisses, diversos autores começaram a beber na mesma fonte. Os romances saíram o mundo físico para adentrar à metafísica, a ontologia, o mundo de Platão. Penetraram nas ações, os pensamentos e aflições dos personagens, ao mesmo tempo em que movimentos corpóreos mantiveram-se estáticos. Assumo que no primeiro contato com estes romances penei deveras. Era difícil de entender pois não encontrava a "atuação", achava que tudo era muito parado e nada acontecia. É inacreditável como pude ser tão idiota. Mas tudo bem, sempre é tempo de aprender!
Virginia Woolf é a típica escritora padrão chavão. Sua mãe morrera quando tinha 13 anos , a meia irmã também, enfrentava penosas crises de depressão (principalmente para sua família), e, por fim, acabou por suicidar-se.

Apesar de "Rumo ao Farol" não tratar-se de sua maior obra (As Ondas), resolvi comentá-la, pois na minha singelíssima opinião, é a que mais se aproxima à intumescência joyciana.
Apesar de existirem três capítulos, a livro é dividido em duas partes (pré e pós guerra) e conta a trágica história da família Ramsay e seus agregados de férias numa ilha nas costas da Escócia.
Na primeira parte, somos apresentados a todos os personagens, que de alguma forma estão interligados àlguma forma de arte, há Lily Briscoe a pintora, Augustus Carmichael o poeta, Sr. Ramsay o filósofo e assim por adiante.
Nos primeiro capítulo (A Janela), A Sra. Ramsay oferece um jantar ao seus convidados. Toda tensão se espelha no ódio introvertido do filho por seu pai, a insegurança da pintora sobre sua nova obra, a certa neurose da Sra. Ramsay na perfeição e na sua onipresença em todos os acontecimentos.
No segundo e terceiro capítulos (O Tempo Passa & O Farol) nos deparamos com a morte da Sra. Ramsay, Prue, Andrew... e o restante do grupo volta ao mesmo local, para recolher suas memórias como se fossem os corpos.
Destarte, inventam o tal passeio ao farol e dessa forma a cor verde da grama da primeira parte transfigura-se agora no azul do mar e todos os conflitos arrostam-se aos pensamentos do grupo, consumindo-os e irradiando até o momento da chegada.

Assim sendo, Rumo ao Farol está recomendadíssimo.
Será uma experiência única.


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