domingo, 19 de abril de 2009

Poder de um Jovem/ The Power of One - Bryce Courtenay


O motivo de estar postada a capa do livro em inglês deve-se ao fato da minha leitura ter sido realizada no idioma original (inglês), afinal o autor desse romance é o escritor australiano Bryce Courtenay, e provavelmente este livro não foi traduzido para o português. Contudo a história pode ser familiar a alguns de vocês, já que em 1992 foi lançado um filme baseado na obra, contando com atores de renome como Armin Muehler-Stahl e Morgan Freeman,
e o filme fez muito sucesso, inclusive no Brasil, apesar da adaptação ter simplificado demais a narrativa.
Recomendo este livro às pessoas que pensam (ou pensavam como eu) que entendem alguma coisa sobre a África do Sul, pois nesta leitura aprendemos quais e como são as diversas nações que compõem a população deste país, com suas 7 línguas e peculiaridades tribais que ainda não são compreendidas mesmo hoje. Basicamente existe uma nação dominante na África do Sul durante o desenrolar da história (entre décadas de 20/50) , que são os ingleses; estes tem o poder militar e político, mas são uma minoria, odiada por outros brancos: os Afrikaners (descendentes dos holandeses, alemães e franceses que haviam chegado 300 anos antes), porém tolerada por uma maioria negra, conformada com os abusos e opressões por parte do estado e população Euro-descendente.
O que me atraiu neste livro principalmente foram as lições de determinação e ousadia, além de acompanharmos a evolução da racionalidade do personagem principal, que começa muito sensível e emocional, e aos poucos torna-se mais calculista e estrategista. Um exemplo disso é a ausência do famoso clichê da "namorada do herói", ou seja, o autor conseguiu evitar a menção do amor ou de qualquer cena romântica ou sensual, o que em minha opinião deixou a leitura mais agradável e fluente, concentrando-se nos fatos, e não em sensações.
A história começa com o garoto inglês Peekay, dotado de etnia inglesa porém vivendo em território predominantemente "Afrikaans", ele sofre discriminação racial em sua escola, porém apesar de resistir corajosamente as humilhações e agressões de seus "coleguinhas", ele descobre no boxe uma chance de se vingar de seus oponentes, e vai aprender com um descendente de africanos numa prisão local. Conforme passa a conviver mais com as outras tribos africanas, ele passa a aprender sua línguas, ética e misticismo, porém ele é esperto o suficiente para não deixar nenhum branco sabendo, o que lhe causaria problemas naturalmente. Enquanto dedica-se às lutas, torna-se amigo de um pianista que lhe ensinará como se tornar observador, e apreciar a música, a natureza e o conhecimento científico.
Enquanto o tempo passa, o personagem vai percebendo as mudanças de sua sociedade, e conforme vai se aperfeiçoando fisicamente e intelectualmente, começa a participar ativamente na
ajuda humanitária, educacional e material para os povos segregados por um regime institucionalizado ao final da segunda guerra mundial, quando o partido nacionalista, fundado pelos Afrikâneres derrota os ingleses nas urnas, e cria então o sistema do Apartheid, motivando o exílio do nosso herói para outro país para trabalhar como minerador: a Rodésia, onde encontra mais violência e opressão, porém de uma forma desorganizada e não tão direcionada como na África do Sul.
Longe de sua família, amigos e inimigos, ele consegue portanto chegar a um ambiente similar ao inferno, porém lá finalmente descobre o valor da amizade, da cooperação e da responsabilidade, para poder sobreviver em um local de altíssimo risco de mortalidade. Ao poder enxergar um futuro tão sombrio para a África ele se conscientiza inviablidade de seus ideais de ajudar os africanos, e vai embora para a terra de seus descendentes no Reino Unido em busca do sucesso, principiando um ritual a ser seguido até os dias de hoje: o retorno voluntário dos brancos à sua verdadeira terra (Europa).

3 comentários:

Mariana Porto disse...

Obrigada pela visita, amigo do Zarella! =)
Que bom que gostou do blog!
Interessante perceber como o seu é o extremo oposto do meu! Muito mais... como é o oposto de non sense?
É isso aí...!
Volte sempre... e se der sorte, vai encontrar algo novo! ;)

Michell Macedo disse...

Você sabia que esse livro tem uma continuação? Um outro livro...

Fabio disse...

Esse livro não em português?