sexta-feira, 31 de julho de 2009

Justiça censura jornal Estado e proíbe informações sobre Sarney

Você sabe pra que serve o Senado Federal?
-Pra representar os Estados? Não!
Serve para manter privilégios, controlando os Estados mais desenvolvidos pelos Estados mais pobres, afinal a representatividade é igual (3 senadores). O lema deles é: "Quem detém o poder econômico não pode deter o poder político".
E por que não seria? Afinal a maior parte do Brasil ainda está no tempo das capitanias hereditárias.
Estamos perdidos...

Le Brésil n'est pas un pays sérieux

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Entramos no novo século

Como o tempo que castigou nossas faces
Como o tempo que rasgou nossas roupas
Como o tempo pois não tenho mais nada para comer;

Mas dessa vez ele chegou
Despertou, acordou
Trazendo um novo vírus;

É realmente um mundo selvagem
Entre as várzeas e vargens
Nos despertaram para nossa nova viagem;

Aqui apresento o século 21
É, mais um... uma a mais
Outra uma era, com direito a fome, peste e guerra;

É tudo novo de novo
Como já foi há cem anos
Dormindo e despertando;

Todavia destarte eu tive sorte
Não me foi concedido a morte
Mas o direito de pisar na grama;

Como destarte eu tive sorte
Como me fora concedido
Como comi meu pedido;

Apertem os cintos
Sinto muito (eu minto):
-pois aqui está o novo século.

K.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Coração das Trevas - Joseph Conrad

O Coração das Trevas
Joseph Conrad
R$ 10,50
Martin Claret

Tinha acabado de ler "A Linha de Sombra" e estava animado para o próximo do Joseph Conrad. Havia também assistido "Apocalipse Now" e esperava um livro à altura, mas decepcionou. Basicamente é um tanto parecido com a história do filme, porém não consegue desenvolver o mesmo enredo intrincado e psicológico.
Em suma, o narrador, Marlow, é encarregado pelo governo inglês local a subir um rio na África até o posto sob o (des)comando de um tal Kurtz, para ser julgado e posteriormente executado. Kurtz, supostamente teria enlouquecido e criado um governo tribal paralelo (possivelmente ainda no Congo Belga), onde o sangue seria a lei. Com interesse maior em sacrifícios deixa de repassar o marfim para a cidade e assim cria inimigos poderosos.
Marlow, depara-se com inúmeros desafios no caminho, como falhas mecânicas da embarcação, doenças, ataques de nativos...

Mas sua fé permanece inabalável, assim que encontra um branco e um livro que alimentam suas expectativas, pois tudo o que quer a partir desta narrativa é encontrar seu conterrâneo, cuja idealização vai aumentando a partir do conhecimento de suas expedições sanguinárias, imensas riquezas extrativistas que remetidas rio abaixo e extermínio de grupos étnicos, incompatível com as descrições que ouvira de um homem eloquente, culto e até mesmo filósofo.
Todavia, ao chegar, encontra o mundo paralelo e esquizofrênico de Kurtz, líder de um grupo de fiel seguidores que o cultuavam. Marlow compreende a afasia de Kurtz, pois este perdera todo e qualquer contato com o que conhecia como civilização e estava entregue ao mal puro.
No decorrer da viagem, o protagonista também vai se contaminando pela escuridão, apesar do desejo de não entregar sua carga às autoridades. A cicatriz em sua alma causada por esta viagem são a chave do início e fim do romance.
Bem, sei que todos sabem o final, mas mesmo assim não falo, acho desrespeitoso. Porém, lá vai: o horror, o horror!


É, não é um horror, mas é bem fraquinho.

Regards





quinta-feira, 9 de julho de 2009

Augusto dos Anjos - Eu


Eu e Outras Poesias
Augusto dos Anjos

Ed: Matin Claret

Preço: R$ 10,80

Essa coletânea foi um presente da minha (à época) namorada. Foi uma boa surpresa.Esse livro é um conjunto de excertos seletos que reúne o original "Eu" (1912), o único lançado em vida do autor, acrescidos de alguns poemas perdidos reunidos por Órris Soares.

O bom da poesia apresentada, além de toda escatologia, ideias suicidas e litros de sangue, são as palavras pouco usuais para... hum.. poema. O autor reporta-se mais a termos médicos aos chavões poéticos como: amor, dor, flor, coração, paixão e demais gabolices da praça.

Mal consegui acreditar quando cheguei ao fim, de tão compenetrado que fiquei. É hipnótico!

Exista também uma versão gratuita no site Domínio Público (delícia! http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv.00054a.pdf), que pode ser facilmente baixada como arquivo PDF.

Um dos meus poemas favoritos é ‘Solitário’:

Como um fantasma que se refugia

Na solidão da natureza morta,

Por trás dos ermos túmulos, um dia,

Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia

Não era esse que a carne nos contorta...

Cortava assim como em carniçaria

O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!

E eu saí, como quem tudo repele,

-- Velho caixão a carregar destroços --

Levando apenas na tumba carcaça

O pergaminho singular da pele

E o chocalho fatídico dos ossos!”


Não é macabro?


No fim só pude dizer:- Obrigado meu mô, por este magnânimo presente!

E para você que não leu, compartilhe comigo: O LUPANAR, ÚLTIMO CREDO, O CAIXÃO FANTÁSTICO, A UM CARNEIRO MORTO, VOZES DA MORTE, OS DOENTES, O MARTÍRIO DO ARTISTA, DEPOIS DA ORGIA, POEMA NEGRO, O MEU NIRVANA, O SARCÓFAGO... entre outros graciosos, calorosos e amorosos versos.


Enjoy!


PS: Augusto dos Anjos é tudo o que um pagodeiro precisa ler.